30/08/2009

Sermão

O padre ontem no casamento passando um sermão nas "Encalhadas", ele disse: - "Os sapos podem virar príncipes" E eu pensava: - "E os príncipes também podem virar sapos". ...

27/08/2009

Mundo Virtual

Vez ou outra me pego olhando sua foto naquele website. Sempre sorrindo, você aparece do nada e me tira o sossego. Fico ali, a dois cliques de você. Meus dedos vacilam e minha mente viaja, imaginando se você não faz o mesmo do outro lado da tela. Mas a vontade se junta ao medo. O medo de você me deixar em branco, sem resposta. O medo de ser bloqueada e te perder pra sempre. Ai... Esse mundo virtual. Seria melhor se te visse na rua. Se pudesse te olhar cara a cara. Te seguraria se preciso, mas não te deixaria fugir. Te falaria tudo o que tenho engasgado aqui. E teria a certeza da veracidade de suas respostas, pelo brilho dos seus olhos. ...

26/08/2009

Eu prefiro as Borboletas

Contos de fadas? Romances açucarados? Não, Daniela nunca acreditou que isso fosse possível. Dizia ser a mesma coisa que acreditar em papai Noel, duendes e bruxas. Alguns amigos diziam que Dani era fria demais, que deveria ter um olhar mais amoroso sobre as coisas. Mas ela achava que isso era uma grande bobeira, que ela tratava quem merecia com carinho e quem não, sinto muito. E realmente tenho que concordar. Daniela era dedicada ao namorado de tantos anos. Ele pelo menos nunca havia reclamado. E ela, também não. Muito pelo contrário, Dani estava convencida, por sua idade e pelo desenrolar do namoro, que se casaria e teria uma família, sem grandes emoções. A linha dessa estória começa a mudar quando Daniela encontrou pela primeira vez o olhar de outro homem. Foi como num roteiro de um filme: “... A sacola de frutas escapa das mãos de Daniela esparramando tudo no meio da calçada. Ela, enfezada, rapidamente se abaixa para começar a reunir o estrago, quando pára para ajeitar os cabelos bagunçados pelo vento e levanta o olhar para ofegar de cansaço. E lá está ele. Pronto para ajudá-la...” Alto, branco, cabelos curtos, bem vestido, magro, o oposto de tudo o ela sempre gostou nos rapazes. O oposto de seu futuro marido. Mas seu charme simplório, sua voz macia, simpatia e prontidão eram de tirar o fôlego. Ele sorriu. Ela agradeceu. Ele pediu seu telefone e ela deu. O celular ficou as vistas de Daniela por dias. O medo de que ele tocasse e a vontade de ouvir o aparelho tocar eram do mesmo tamanho. E ele ligou. Sem dizer muitas palavras, marcaram um encontro discreto. Como se fosse uma carona, eles se encontrariam no meio da rua e sairiam de carro por aí. Conhecem a expressão “Butterflies in the stomach”? Era exatamente o que Daniela estava sentindo. Aquele friozinho na barriga, de tensão, medo, aventura... Borboletas, muitas borboletas por todo o corpo, fazendo a adrenalina do encontro proibido ser ainda maior. Dani tremia só de ver um carro da cor certa passando por ela. E quando finalmente o carro certo chegou, ela entrou e o beijou. Daniela descobriu um mundo novo dentro daquele pequeno espaço. Ouviu elogios que nunca tinha ouvido, descobriu afinidades que achava impossível ter com um homem. Descobriu em si, um romantismo suprimido por anos de rotina e conformismo. E assim eles seguiram por semanas. E quanto mais o tempo passava, mais borboletas Daniela sentia. Antes, durante, depois de vê-lo, só de pensar em vê-lo. Pouco tempo depois, Dani se decidiu. Se antes ela achava que borboletas eram coisas de filme água com açúcar, agora ela tinha várias em seu jardim, esperando que ela abrisse a janela e as deixassem entrar de uma vez por todas. E foi o que ela fez. Mesmo sabendo que poderia estar trocando “o certo pelo duvidoso”, Dani preferiu as borboletas. ― Elas alegram o meu dia, e me fazem sentir como nunca antes. O que você preferiria? ...

23/08/2009

O Segredo

Sabem aquela história de energia? De que tudo que a gente fala e faz, volta pra gente? Acreditam que o universo conspira a nosso favor, ou contra a gente dependendo dos nossos atos? Eu não acreditava, mas estou quase lá. Quando terminei o namoro, várias amigas e pessoas que queriam saber do meu futuro me indagavam sobre a minha opção de ficar solteira a essa altura do campeonato. Mas eu sempre fui firme em minha resposta: ― Não quero gente. Não vou namorar tão cedo! Não quero! ― Mas amiga você rapidamente vai encontrar outra pessoa, eu tenho certeza! ― Eu não quero encontrar pessoa alguma. Eu quero ficar solteira! ― Como assim? Você não quer casar? ― Não! Agora não! To longe disso! ― Amiga será que você vai ser daquelas mulheres que namoram por anos, terminam, e em seguida conhecem alguém e casam em três meses? ― Olha, acho pouco provável. Entendam, eu quero a minha liberdade, não quero namorar agora! E repeti inúmeras vezes. Pra quem quisesse ouvir. Repeti tanto, mas tanto, que eu estou começando a achar que as energias a minha volta acreditaram. Pois não só eu não arrumei nenhum namorado, como não arrumei ninguém! Nem um ficantezinho, nem um casinho! O universo sabe a diferença entre um namoro e um caso, certo? Ou será que eu deveria ter sido específica e ter dito “eu não quero namoros sérios, só casos?”. Não! Não daria certo, porque naquela época eu realmente não queria nada de nada! E agora, 1 ano depois... Nada de nada... Sozinha de tudo! O que é que eu faço?... Já sei! ― Eu ainda não quero namorar sério, mas os pretendentes podem começar a aparecer para que eu possa analisar com calma e fazer a melhor escolha. ― Eu ainda não quero namorar sério, mas os pretendentes podem começar a aparecer para que eu possa analisar com calma e fazer a melhor escolha. ― Eu ainda não quero namorar sério, mas os pretendentes podem começar a aparecer para que eu possa analisar com calma e fazer a melhor escolha. ... ...

20/08/2009

Funeral II

Lembra do episódio do Funeral? Pois bem. Encontrei com meu ex-namorado um mês depois de termos terminado. Dei aquela olhada de cima a baixo enquanto o cumprimentava. O que encontrei? Um par de tênis novos. Droga... Já fui enterrada. Ele me esqueceu.

19/08/2009

Memorando

Queridos homens belos, livres, desimpedidos e cheios de boas intenções. Venho por meio desta, informar-lhes sobre uma nova leva de mulheres disponíveis no mercado. Por isso, é necessário atualizar-los sobre as mudanças neste novo grupo. Estas novas solteiras se encontram disponíveis, porém seletivas. São mais inteligentes, trabalhadoras e independentes por tanto, tenham cuidado na hora de manusear o conteúdo. Se caso decidirem investir, sejam vocês mesmos, não usem estratégias de marketing porque essa marca possui uma central de vendas atenta a esse tipo de técnica. Empreendedores de origem duvidosa serão rapidamente desmascarados. Caso perceba que este é o produto que você vem procurando por toda a sua vida, não perca tempo. Adquira a sua, o mais rápido possível. Neste exato momento a concorrência também está de olho. Grata, União das Solteiras S.A.

17/08/2009

Cafuné

Coisa simples. A mão passa pelos fios do seu cabelo e chega ao coro cabeludo com a suavidade e a força de um massageador. Toque, sensação capaz de arrepiar, acalentar, acalmar, fazer dormir, aliviar as tensões que nos afligem... Só de pensar já me faz sentir melhor. Sinto falta de um cafuné, toda solteira sente. Não digo só de um companheiro. Mas pense nos cafunés da sua mãe, da sua irmã mais velha, da sua avó. Coisa boa. Às vezes, à noite, assim que me deito pra dormir, me pego sem querer fazendo cafuné em mim mesma. Tranqüilizante? Solidão? Não sei. Vejam essa história que uma amiga me contou, sem saber o efeito que causaria em mim: "Num dia desses, um amigo me contou que sua filha de quatro anos, passava, infelizmente, o dia todo dentro de uma creche, na companhia de outras crianças, mas longe dos pais. Por um lado, ele dizia, a menina estava mais confiante, sociável, menos medrosa e cada vez que ela voltava da escola, ele sentia que a menina tinha aprendido alguma coisa nova. “Sinto-a mais esperta a cada dia”, ele dizia orgulhoso, mesmo sabendo que ele poderia ensinar tudo a ela, se os pais não tivessem que trabalhar o dia inteiro. Um dia eu conheci a menina. Havia pegado uma carona com ele para ir a um curso noturno e no caminho a pegamos na creche. Por coincidência, seu nome era o mesmo que o meu. ― Linda sua filha! ― Eu disse no momento em que ela entrou no carro. E ela não era só linda, era realmente sociável e inteligente. Logo que entrou começou a conversar, contando tudo o que havia acontecido no seu dia. Parecia-se comigo, pensei. Mas ela estava cansada. O dia na creche tinha sido agitado e o balanço do carro foi ninando a menininha. Então presenciei a cena que me colocou para pensar e me fez escrever tudo isso. A doce menina encostou-se ao banco do carro e com uma das mãos começou ela mesma a alisar seus cabelos e a fazer cafuné em si mesma. Olhei pra ela assustada. Eu me via, como num espelho. E ela rapidamente percebeu meu espanto e se explicou: ― Carinho pra eu dormir melhor. E seus olhinhos diziam: ― Não se preocupa tia, já estou acostumada a ficar sozinha."

14/08/2009

Pra peão ver?!

Eu estava MA-RA-VI-LHO-SA! Sem falsa modéstia, eu estava um arraso mesmo. Linda, linda, linda. Não me lembro pra onde eu ia, mas estava linda. Saí de casa na maior esperança de encontrar o homem da minha vida. Ou de pelo menos encontrar um pretendente ao cargo. Ou de pelo menos encontrar um novo ficante. Ou de pelo menos encontrar um atual ficante. Ai... Eu queria ver alguém. E queria que alguém me visse. Queria tanto, mas tanto que na primeira esquina que virei eu ouvi: ― Gostosa!! E na segunda esquina: ― Oooo mulherão. E na terceira rua: ― Isso aí lá em casa... E na quarta esses “elogios” passaram a ter as terminações “uda” e “ão”. E ainda vinham acompanhados de “me deixa isso” ou “eu queria aquilo”. Aaaah! Socorro! Eles não tinham nada de príncipes encantados. Eram das piores espécies de peões! Daqueles que evitamos até passar na mesma calçada porque sabemos que vamos ouvir alguma coisa. Eu sei que tem mulheres que gostam. Que acham que esses homens que ficam zanzando pelas ruas são o termômetro da beleza feminina. Têm alguns até engraçados. Mas na maioria das vezes, eles são extremamente grosseiros e acabam com nosso bom humor. Eu queria me esconder. Fiquei cismada achando que minha roupa pudesse estar reveladora demais. Mas não estava! Eu juro! Mas mais chateada ainda eu fiquei ao perceber que não havia só peões na rua aquele dia. Havia homens interessantes, bonitos e cheirosos, mas esses, não estavam dando a mínima pra mim. Como diz Ingrid Guimarães: Isso é glamour?

12/08/2009

O Funeral

A primeira coisa a fazer quando se termina um relacionamento que com certeza não tem volta é realizar um funeral. Enterrar de vez tudo o que te lembre do ex, faz parte do processo de desprendimento. Sim, ele agora é ex. E esse é o primeiro passo. Reconhecer-lo como tal. Façamos então, um modelo de funeral americano. Demorado, com cerimônia e classe. Retire todas as fotos de vocês do quarto e da casa. Separe as dos álbuns, guarde se quiser, jogue fora se achar melhor. Mude as coisas de lugar. Onde antes você tinha uma foto dele, reorganize a mobília para não lembrar que aquele lugar já pertenceu a ele. Livre-se dos arquivos de computador. Pastas e fichas com seu nome, cartinhas, e-mails, conversas de MSN, delete! Sites de relacionamentos? Se realmente lhe incomoda vê-lo online, aperte o botão de bloqueio, sem sofrimento. Em seguida, iniciamos a melhor parte. O momento de se presentear. Mas não vá pensando que você vai sair por aí gastando os tubos pra extravasar a raiva contida. Tem que ser inteligente. Senão, gastamos o que não temos e acabamos numa depressão só e o ex ainda vai pensar que estamos sofrendo por ele. Seja cautelosa. Abra o armário e escolha alguma coisa que você possa jogar fora e comprar uma nova. Alguma coisa que te lembre o ex. Uma peça simbólica. No meu caso, um par de tênis que tinha praticamente a mesma idade do meu relacionamento. Destino? Lixo! Dinheiro? Tênis novos! Vida nova, novas calçadas para andar. Boa compra. Mas o funeral ainda não acabou. É hora de cuidar do seu visual. Afinal, a viúva é a estrela da festa. Pense no que seu ex mais gostava em você. E então analise duas opções: deixar mil vezes mais bonito(a) ou simplesmente deixar do jeito que ele mais odiava! Eu explico. Cabelos compridos! Como ele amava meus cabelos compridos. Mas pra mim eles me pesavam nos ombros, no bolso e na paciência. Eram lindos, mas nunca me importei de cortá-los, deixava crescer por ele, porque ele gostava. O que foi que eu fiz? Escolhi a segunda opção. Passei o dia no salão e cortei tudo! Leve, curto e repicado, no meu estilo mais rebelde. A minha maior expressão de liberdade. Livre, muito livre! E para finalizar, como todo funeral americano, há uma festa. De que adianta toda a preparação se não houver uma festa. “Vamos beber o defunto”, o povo diz. Então, vamos celebrar uma nova fase, junto aos amigos, com uma boa bebida, muito alto astral, cabelos novos, tênis no pé, micareta fora de época, to indo, beijo...!

09/08/2009

O Ministério da Literatura adverte:

1 - Nem todas as estórias contidas neste blog são verdadeiras; 2 - Nem todas as estórias partem diretamente da vida da autora; 3 - Nomes são sempre trocados e as fontes preservadas; 3 - Se o conteúdo lhe parecer familiar, é a vida! Mera coincidência (rs); 4 - Nem sempre o que é bom pra um, é bom para o outro, então, se seguir os conselhos que esse blog possa vir a dar, é problema seu!

Uma conclusão

"Nunca faça um feio feliz, você pode acabar se apaixonando por ele."

07/08/2009

A lista

Johnny era um dos solteiros mais lindos e cobiçados daquela pequena cidade. Tinha decidido há anos que não seria mais namorado de ninguém. ― Sou eternamente solteiro. ― Ele dizia. Eu nunca acreditei, sempre achei que ele ainda não tinha encontrado sua metade. Mas ele batia no peito e insistia que “relacionamentos, não mais”. E na verdade, ele parecia não precisar. As moças mais atiradas caíam a seus pés. Faziam fila se fosse necessário. Não tinha um fim de semana que se visse Johnny sozinho. E nunca, nunca mesmo, Johnny repetia a eleita. Era apenas uma vez, sem compromisso, sem vínculos, só por prazer e tchau. Diziam as más línguas que Johnny guardava consigo uma lista. Uma lista com o nome e alguns detalhes de todas as mulheres que já tinha levado para a cama. E Johnny era estratégico e paciente. Às vezes conquistava a mulher que queria em segundos. Outras, demorava e curtia a paquera. Mas sempre conseguia o que queria. Suas preferidas eram as novas solteiras. Aquelas que tinham acabado de terminar um namoro e que, ainda um pouco confusas com uma separação, eram mais vulneráveis. Há algum tempo ele vinha tentando conquistar Marta. Uma mulher simples, mais muito bonita e trabalhadora. A razão do interesse? Ela tinha terminado o namoro. Os dois conversavam quase todos os dias. Ele insistia para que se encontrassem, mas ela ainda não se sentia segura para ter qualquer intimidade com um cara que não gostasse ou amasse. Johnny dizia que gostar não era importante e que era para ela curtir o momento, curtir a aventura. Papo de conquistador. Como Marta estava se sentindo um pouco sozinha, e Johnny sabia que isso ia acontecer, ela acabou cedendo e caindo em seus braços. No dia seguinte, a cidade estava rodeada de fofoca. Não pelo encontro em si, mas por causa de uma lista. Sim, a lista existia. Johnny havia prometido aos amigos que quando chegasse a mil mulheres, divulgaria para quem quisesse ver a tal lista, revelando os nomes e detalhes de todas aquelas que ele já tinha se envolvido. E parecia que todas as mulheres daquela cidade já tinham ido para a cama com ele. Eram Marias, Anas, Rafas, Priscilas, Sabrinas, Carolinas, Tatis, Robertas,... Uma lista imensa. E lá no final, o nome de Marta se destacava. Ela era o número mil. Aquilo consumiu Marta de raiva. Bem como todas as mulheres que pertenciam a lista. Algumas não ligaram, mas a maioria declarou guerra. Elas arranharam seu carro, jogaram ovos podres na janela de seu trabalho, fizeram caricaturas na internet, vetaram seus amigos, os excluíram de todas as festas, e logicamente, saíram pela cidade dando detalhes do desempenho de Johnny... “E o tamanho ó!”. Mas Marta foi mais inteligente. Avisou a todos que era a vez dela de divulgar uma lista. E no topo dessa lista estava escrito: ― Lista de homens que transei sem carinho, sem amor, sem paixão. E no meio de um papel em branco, se via em caixa alta: ― JOHNNY ―

Dilemas

Sempre queremos o que não temos. E agora tenho dois. Um quer ir pra esquerda. O outro quer ir pra direita. E eu quero ir pelo meio.

04/08/2009

E Madonna disse...

"Não escolha o segundo melhor, coloque seu amor a prova... Faça-o expressar o que sente e então você saberá se o amor é verdadeiro". "Então, se esse não for o momento, parta pra outra. O segundo melhor nunca é suficiente, você se vira melhor sozinha". Trechos traduzidos de Express yourself, música da Madonna lançada em 1989. Sábia Madonna...

02/08/2009

Balada x Maturidade

Primeira balada com as amigas depois de anos agarrada a um namorado que me sufocava! Mal podia me conter de tanta ansiedade e expectativa. Coloquei a roupa mais sexy, o perfume mais cheiroso, liguei o rádio para entrar no clima e viajei... Voltei para os meus tempos de solteira/adolescente (antes do namorado) e me lembrei de como era bom! Naquela época, saíamos com destino certo, mas com a noite incerta, tudo podia acontecer. Saíamos com algum amigo mais velho, que estava habilitado para dirigir, ou nos amontoávamos em uma van. Uma galera imensa. Ligávamos o rádio e seguíamos cantando e rindo até a boate mais distante. Porque mais distante era mais divertido. Não ligávamos se havia cinco, seis ou até sete amigos socados em um único carro. Sempre tinha espaço pra mais um e sem reclamações! Era tudo lindo! Meu relógio marcou 22 horas! Senti até arrepios!! Quanta adrenalina. Mas as coisas não aconteceriam exatamente como eu estava visualizando. A gente cresce. E minha idéia de balada com as amigas estava prestes a mudar. Foi exatamente assim que aconteceu: Buzinaram. Eram minhas amigas. Já não precisávamos mais de um motorista, tínhamos idade suficiente para nos guiarmos sozinhas. Lotamos o carro? Sete? Nem pensar, cinco só; lotação esgotada! Mas éramos cinco mulheres lindas. E fomos. Começamos a fofocar, a distribuir os “chicletinhos”, ligamos o som e aí surgiu a pergunta: ― Pra onde vamos? ― Pro lugar mais perto! Pra ficar mais fácil de voltar! ― uma delas se adiantou. ― Também prefiro! Mas muda essa rádio pelo amor de Deus! Não agüento essa batida “Tum, Tchi, Tum” na minha cabeça! ― Pode abaixar também, por favor, tá muito alto. ― To morrendo de sono, trabalhei igual a uma doida hoje. ― um bocejo longo. ― Eu também. ― Eu também. ― Eu também. Pra não ficar diferente eu disse: ― Eu também. E seguimos, felizes pra balada, em silêncio. Cada uma com seu pensamento. "― Minha cama estava tão quentinha... Isso já era hora pra eu estar dormindo, tenho um almoço amanhã..." "― Preciso comprar o presente de aniversário da Rebeca, devia ter tirado um extrato hoje cedo..." "― Detestei essa escova, porque é que eu não fui ao salão de sempre..." "― Hoje eu arrumo um namorado, não é possível... E vou beber, elas é que tirem no palitinho quem vai trazer a gente de volta!" "― Onde eu fui me enfiar..." ― esse pensamento era o meu, logicamente. Foi aí que surgiu uma faísca de esperança. A motorista nos perguntou: ― Viaduto à frente! Com ou sem emoção? ― Sem!! ― Sem emoção! ― Sem! Acabei de jantar! ― Elas responderam quase que em uníssono. Eu não tinha outra escolha senão vislumbrar aquilo tudo e cair na risada. Não havia dúvidas de que estávamos maduras, mais velhas, mais experientes, mais cansadas e mais... Caretas! Descobri naquela noite que aquele tempo tinha passado. Mas também descobri que existe todo um mundo novo para ser vivido. E que muitas aventuras ainda virão. A balada, no final das contas, foi muito boa. Não tínhamos hora pra voltar pra casa, não tínhamos destino certo, nem sabíamos se voltaríamos juntas! E com certeza não vou ouvir broncas dos meus pais quando eu chegar em casa. Esquece o passado! Eu prefiro o hoje!

Pensamento

"Ao mesmo tempo em que busco minha independência e ameaço abrir minhas asas rumo a liberdade, sinto o medo de ficar sozinha, de não ter quem zele por mim, quem vigie meu sono e que testemunhe minha vida." ...
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