16/09/2009

Mãos

Andar de mãos dadas é, pra mim, a maior prova de amor entre um casal. É um sinal de carinho, de afeto, de segurança. Se alguém te estende as mãos, você sabe que pode confiar e se apoiar. Pelo menos deveria ser sempre assim. Eu andei de mãos dadas com a mesma pessoa, pelos mesmos caminhos, por quase oito anos da minha vida. Mas por uma mudança nos meus planos, nos planos do destino, fiz meu coração ficar vazio, e minhas mãos também. Não havia mais quem me apoiasse, não havia mais quem me segurasse. Teria que seguir pelos mesmos caminhos, sozinha. Foi aí que adquiri um estranho hábito que me fez descobrir o poder “das mãos dadas”. Voltando pra casa, depois de mais um dia de trabalho, reparei que andava pelas ruas com os braços juntos ao corpo e com as mãos fechadas. Mas não simplesmente fechadas, eu prendia o dedão por entre os outros dedos e apertava com força. Era como se eu estivesse tensa, tão tensa a ponto de machucar as palmas das mãos com as unhas. Não demorei muito a compreender porque estava fazendo aquilo. Inconscientemente, eu buscava em mim uma forma de segurança, uma forma de proteção. E ao mesmo tempo, percebi como sentiria falta de ter uma outra mão junto da minha. Era medo, insegurança e solidão. A partir daqueles dias passei a me policiar. Toda vez que me pegava com as mãos travadas, respirava fundo e ia abrindo-as lentamente. A decisão era minha, então sozinha eu teria que continuar. E fui aprendendo. Cada vez que abria as mãos, ia experimentando um pouco de liberdade. Comecei a gostar de sentir o vento atravessar meus dedos. E no final das contas, perdi o medo de andar de mãos abertas. ...

5 comentários:

  1. Não sei o que sentir depois de ler isso...nem o que falar...

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  2. Bom...eu durmo encolhida, isso desde pequena, com medo do Bento Carneiro. Descobri que quando eu durmo com o Léo, mesmo que seja de tarde, eu durmo muito melhor, mais solta, pq sei que tem alguém ali pra me olhar. Muito estranho esse tipo de insegurança!

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  3. Sempre achei um dos atos mais bonitos de um relacionamento, seja namoro ou não, andar de mãos dadas. Lembro de um dia em que soltei a mão de uma menina com quem eu estava ficando numa noite de sexta, ela espantada me perguntou porquê, já que até mesmo parados eu fiquei segurando a mão dela. Mas era pra carregar os livros dela da faculdade até o ponto, pois estavam muito pesados. Mesmo tendo misteriosamente me dispensado no dia seguinte, eu lembro com gosto do brilho nos olhinhos dela com minha atitude. E da frase que ouví: "Hoje em dia não tem mais gente que faz isso não". Period.

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  4. Fico feliz que a insegurança tenha dado lugar a liberdade.

    Parabéns pelo post.

    Bjs,

    Taty Bruzzi!

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  5. Acho que amor verdadeiro - aquele que o homem ainda não é capaz de alcançar - me arremete à liberdade. Andar de mãos dadas é bonito, mas, se formos analisar o outro lado, pode ser também apego, necessidade de TER a outra metade, para que as outras pessoas possam saber disso. 'Amor só dura em liberdade.' É que amor não se tem, amor se busca. De qualquer forma, quando estou com alguém, também sei andar de mãos dadas, mas que isso não personifique mais ou menos o tamanho de meu sentimento.

    Beijão

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