20/10/2009

Zerei

Após certa idade, é comum adotarmos o seguinte discurso em nossa vida pessoal, profissional e familiar: “Quanto mais velho, mais experiente, e quanto mais experiência, melhor”. Nunca ouvi ninguém discordar de que ser experiente é saber avaliar com mais atenção os problemas de todo dia. No entanto, após uma observação talvez um pouco ingênua, decidi tentar provar o contrário. Nem sempre ser experiente é bom. Tenho enxergado a experiência como uma bagagem que carregamos conosco ao longo da vida. Quanto mais se vive, maior ela fica. O que não percebemos é que às vezes essa bagagem começa a pesar em nossos ombros. E esse peso acaba alterando nossa maneira de pensar e mudando nossas atitudes. Certo. Talvez mudemos pra melhor, mas ainda acredito que ela pode ser, pelo menos um pouco, negativa. Por exemplo, em matéria de relacionamentos, acredito que a experiência pode bloquear ou até intervir. Olha o que fazemos hoje em dia quando conhecemos um novo paquera. Investigamos tudo. Queremos saber se ele tem boas condições de vida, se é realmente solteiro, se tem filhos, onde mora, o que faz, se estudou, se é de boa família, com quem divide o apartamento, quem são os amigos... Enfim... Toda uma lista que mais parece que estamos preenchendo um cadastro para adquirir um novo cartão de crédito. Se bobear, nem o cartão de crédito pede tantas informações. “Não é necessário comprovante de renda...” O que eu quero dizer é que talvez, nessa fase da vida, o amor tenha se tornado um pouco burocrático. Se você analisar, vai perceber que foi muito mais fácil começar o primeiro relacionamento de sua vida do que os posteriores. E ponho a culpa na experiência. Sem experiência eu fico mais leve. Não analiso, não testo, não comparo. E não sou analisada, testada ou comparada. Fico tranqüila. Sem experiência eu não premedito. Só ajo conforme as coisas acontecem e não antes delas acontecerem. Sem experiência não há pressão. Nem do outro com você, nem de si mesma. Sem experiência não há preocupação. Nós temos muito mais medo depois de passarmos por situações em que ele se fez presente. Sem experiência eu sonho mais, aproveito mais e por tanto, sou mais feliz. Para terminar, deixo meu último argumento em forma de pergunta: “Como dar início ao futuro, com o pé preso ao passado? É isso... Eu... zerei. ...

6 comentários:

  1. Carol,

    uma dica. Pegue essa bagagem que lhe pesa nos ombros e ponha sob seus pés. A fim de fazê-la enchergar por sobre as nuvens das idealizações.

    Se no início da vida o encanto é sonhar na proporção das altura de nossa inexperiência, num segundo momento o encanto está em explorar o real, encontrar o ímpar, decifrar o íntimo... sem perder a originalidade e a graciosidade que a experiência nos dá.

    E respondendo sua pergunta (tentando), habitualmente estamos com o pé preso ao passado por opção nossa... e para dar início ao futuro? Basta "escolher" dar um passo...

    Adoro seus textos!!!

    Bjs

    P.S.: Ao escrever me veio a mente a música "Como nossos pais", na voz de Elis Regina

    ResponderExcluir
  2. É por isso que falo que deveria existir a pílula do esquecimento. E melhor, vc poderia escolher o que esquecer. Seria perfeito!

    ResponderExcluir
  3. O melhor mesmo é viver um dia de cada vez, sem planos, sem ansiedade e sem culpa.

    Quando menos se vê, já está além do que se imaginava!

    A própria experiência nos diz isso!

    ResponderExcluir
  4. Olha, parabéns pelo blog. Tomei conhecimento pelo Twitter, onde já lhe sigo.

    Vou passar por aqui mais vezes.

    abraços.

    ResponderExcluir
  5. Vc me adicionou no twitter e eu vim ver seu blog!
    Gostei =D

    ResponderExcluir
  6. huauhauhauha a mais pura verdade!
    mas como eu gosto de complicar.. la vou eu..
    ja não sei se é por estarmos mais experientes ou por medo de sofrer as consequências ja sofridas antes que tomamos esses "cuidados"...
    quem sabe.. os dois ne..?

    ResponderExcluir

Comente aqui!

Respeite a propriedade intelectual. Ao reproduzir os textos não se esqueça dos créditos! Obrigado!