25/02/2010

O sistema

Quando era mais nova levei algum tempo para explicar para minha mãe que as meninas e meninos da minha geração não levavam muito tempo se conhecendo para só então dar um primeiro beijo e começar a namorar. Na minha geração, a moda era ficar.

E ficar significava ver um garoto bonitinho no clube, trocar olhares com ele, cochichar no ouvido da amiga que você achou ele gato, ver a fofoquinha se espalhar entre os outros amigos e chegar até o garoto que vinha até você com coragem ou empurrado pelos amigos dele. Após uma conversa fiada trocada com uma distancia de um nariz, o beijo acontece. E não parava por aí. O casalzinho ficava junto até o final da festa, de mãos dadas, dançando ou beijando muito.

Eu achava um máximo! Moderno, novo, interessante e justo. Muito justo! Pois não só conhecíamos a pessoa, mas também tínhamos como experimentar o beijo. Se fosse bom, era sinal de muita aventura pela frente, se fosse ruim, não passaria daquela noite.

Mas aquelas noites se foram, os tempos mudaram e as modas também.

Vieram as micaretas e os bailes a fantasia. Numa mesma noite era possível ficar com vários. E ficar, na verdade, mudou de nome, virou “pegar”. O termo no começo me assustou um pouco, mas se pensarmos bem, a “pegação” somada à adrenalina da micareta ou a imaginação e criatividade dos bailes a fantasia deixava tudo mais divertido, com cara de carnaval, que mal podia haver nisso? Sem contar as competições, o clima de expectativa, quem pegou mais?... (risos)

Não vejo problema. Explicar pra minha mãe, nem pensar! Passaria de sua compreensão. Já eu, vejo que se quiser entrar na “brincadeira” eu entro, se não, fico de fora e não vou morrer por isso.

Passado mais algum tempo e chegando as baladas mais recentes descobri que o “sistema” mudou novamente.

Segundo minhas novas amigas, a mania atual dos rapazes é “todo dia, é dia de micareta”, ou seja, todo dia, é dia de “pegar” quantas eles quiserem, independente do lugar ou do tipo de festa.

E isso aconteceu bem diante dos nossos olhos. O bonitão flerta de longe, chega, conversa, beija, pede licença ou dá uma desculpa esfarrapada e some! Algumas meias horas depois, intrigadas com o sumiço e a demora, enxergamos ele do outro lado da pista já aos beijos com outra. E ele faz a mesma seqüência, chega, beija e vaza!

É extremamente necessário que eu mencione que moro numa cidade de interior e que as boates aqui são um tanto... Minúsculas!!!

Ah! E ele volta viu... Volta, beija de novo, conversa um pouquinho, some e vai procurar onde deixou a outra. Isso se não encontrar outra pra “chegar” no meio do caminho. Enquanto isso, ficamos plantadas no mesmo lugar a noite inteira esperando o bonito voltar, porque se a gente se mexer ele vai perder a gente de vista! (como pode?!)

Injusto! Muito injusto! Numa balada normal? Esse “sistema” além de ele ser um tanto cara de pau, ele não funciona do outro lado. Num belo dia, eu resolvi beijar e sair... Para ir ao banheiro... E o cara ficou achando que eu não ia voltar mais e o tempo fechou!

Então gente... Sou moderna, me adapto, tento entender... Mas vou ter que citar a minha mãe “tudo tem limite ok?!”

...

2 comentários:

  1. Ameeii amigaaaa!!! rsrsrs, pois é, vc mesma já cansou de ouvir minhas queixas à respeito disso. Eu realmente odeio passar por isso, e se for para ficar com alguém, gosto à "moda antiga" rs: igual namoradinho à noite inteira! Caso contrário, prefiro é não ficar com ninguém, pq não vou ficar com mais de um, e um cara que faz isso me tira a oportunidade de conhecer alguém legal. Enfim, odeio e não sei onde isso vai parar rsrs.

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  2. Apenas nojento isso, beijar tantas bocas, sem saber se a pessoa tem uma higiene decente.
    Se preservar é uma coisa que poucas pessoas sabem fazer ultimamente.
    Eram os tempos que as pessoas ficavam afim de outras com outros princípios. Sair pra beijar 30 pessoas e sair sozinho, prefiro ficar em casa conversando com pessoas virtualmente que ganho mais.

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