26/08/2009

Eu prefiro as Borboletas

Contos de fadas? Romances açucarados? Não, Daniela nunca acreditou que isso fosse possível. Dizia ser a mesma coisa que acreditar em papai Noel, duendes e bruxas. Alguns amigos diziam que Dani era fria demais, que deveria ter um olhar mais amoroso sobre as coisas. Mas ela achava que isso era uma grande bobeira, que ela tratava quem merecia com carinho e quem não, sinto muito. E realmente tenho que concordar. Daniela era dedicada ao namorado de tantos anos. Ele pelo menos nunca havia reclamado. E ela, também não. Muito pelo contrário, Dani estava convencida, por sua idade e pelo desenrolar do namoro, que se casaria e teria uma família, sem grandes emoções. A linha dessa estória começa a mudar quando Daniela encontrou pela primeira vez o olhar de outro homem. Foi como num roteiro de um filme: “... A sacola de frutas escapa das mãos de Daniela esparramando tudo no meio da calçada. Ela, enfezada, rapidamente se abaixa para começar a reunir o estrago, quando pára para ajeitar os cabelos bagunçados pelo vento e levanta o olhar para ofegar de cansaço. E lá está ele. Pronto para ajudá-la...” Alto, branco, cabelos curtos, bem vestido, magro, o oposto de tudo o ela sempre gostou nos rapazes. O oposto de seu futuro marido. Mas seu charme simplório, sua voz macia, simpatia e prontidão eram de tirar o fôlego. Ele sorriu. Ela agradeceu. Ele pediu seu telefone e ela deu. O celular ficou as vistas de Daniela por dias. O medo de que ele tocasse e a vontade de ouvir o aparelho tocar eram do mesmo tamanho. E ele ligou. Sem dizer muitas palavras, marcaram um encontro discreto. Como se fosse uma carona, eles se encontrariam no meio da rua e sairiam de carro por aí. Conhecem a expressão “Butterflies in the stomach”? Era exatamente o que Daniela estava sentindo. Aquele friozinho na barriga, de tensão, medo, aventura... Borboletas, muitas borboletas por todo o corpo, fazendo a adrenalina do encontro proibido ser ainda maior. Dani tremia só de ver um carro da cor certa passando por ela. E quando finalmente o carro certo chegou, ela entrou e o beijou. Daniela descobriu um mundo novo dentro daquele pequeno espaço. Ouviu elogios que nunca tinha ouvido, descobriu afinidades que achava impossível ter com um homem. Descobriu em si, um romantismo suprimido por anos de rotina e conformismo. E assim eles seguiram por semanas. E quanto mais o tempo passava, mais borboletas Daniela sentia. Antes, durante, depois de vê-lo, só de pensar em vê-lo. Pouco tempo depois, Dani se decidiu. Se antes ela achava que borboletas eram coisas de filme água com açúcar, agora ela tinha várias em seu jardim, esperando que ela abrisse a janela e as deixassem entrar de uma vez por todas. E foi o que ela fez. Mesmo sabendo que poderia estar trocando “o certo pelo duvidoso”, Dani preferiu as borboletas. ― Elas alegram o meu dia, e me fazem sentir como nunca antes. O que você preferiria? ...

Um comentário:

  1. Fui surpreendida pelo texto, pois, é exatamente o que esta para acontecer comigo e o nome dela é o meu, mais ainda não sei se prefiro borboletas ou porto seguro...rsrs

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