17/08/2009

Cafuné

Coisa simples. A mão passa pelos fios do seu cabelo e chega ao coro cabeludo com a suavidade e a força de um massageador. Toque, sensação capaz de arrepiar, acalentar, acalmar, fazer dormir, aliviar as tensões que nos afligem... Só de pensar já me faz sentir melhor. Sinto falta de um cafuné, toda solteira sente. Não digo só de um companheiro. Mas pense nos cafunés da sua mãe, da sua irmã mais velha, da sua avó. Coisa boa. Às vezes, à noite, assim que me deito pra dormir, me pego sem querer fazendo cafuné em mim mesma. Tranqüilizante? Solidão? Não sei. Vejam essa história que uma amiga me contou, sem saber o efeito que causaria em mim: "Num dia desses, um amigo me contou que sua filha de quatro anos, passava, infelizmente, o dia todo dentro de uma creche, na companhia de outras crianças, mas longe dos pais. Por um lado, ele dizia, a menina estava mais confiante, sociável, menos medrosa e cada vez que ela voltava da escola, ele sentia que a menina tinha aprendido alguma coisa nova. “Sinto-a mais esperta a cada dia”, ele dizia orgulhoso, mesmo sabendo que ele poderia ensinar tudo a ela, se os pais não tivessem que trabalhar o dia inteiro. Um dia eu conheci a menina. Havia pegado uma carona com ele para ir a um curso noturno e no caminho a pegamos na creche. Por coincidência, seu nome era o mesmo que o meu. ― Linda sua filha! ― Eu disse no momento em que ela entrou no carro. E ela não era só linda, era realmente sociável e inteligente. Logo que entrou começou a conversar, contando tudo o que havia acontecido no seu dia. Parecia-se comigo, pensei. Mas ela estava cansada. O dia na creche tinha sido agitado e o balanço do carro foi ninando a menininha. Então presenciei a cena que me colocou para pensar e me fez escrever tudo isso. A doce menina encostou-se ao banco do carro e com uma das mãos começou ela mesma a alisar seus cabelos e a fazer cafuné em si mesma. Olhei pra ela assustada. Eu me via, como num espelho. E ela rapidamente percebeu meu espanto e se explicou: ― Carinho pra eu dormir melhor. E seus olhinhos diziam: ― Não se preocupa tia, já estou acostumada a ficar sozinha."

Um comentário:

Comente aqui!

Respeite a propriedade intelectual. Ao reproduzir os textos não se esqueça dos créditos! Obrigado!